No artigo Primeira Barreira apresento a didática que atualmente utilizo,
tanto para ministrar aulas quanto para meu próprio treino. Entretanto, como já
mencionei, acredito que existem infinitas formas de se treinar, dependendo
apenas do seu nível de treino e intenção.
Acredito que já notaram a sutileza de que, em artes marciais, tudo é
complementar e que não existe uma única afirmação, ou uma verdade absoluta.
Portanto, a fim de complementar a ideia da "primeira barreira" de
entendimento, instigo vocês a pensarem sobre a "forma" e sua quebra,
sua "destruição".
Podemos pensar que, quando trabalhamos com repetições fixas, de forma
exaustiva, atrás da perfeição de movimentação, distância e tempo, temos um
objetivo fixo que é o de educar o corpo, entender a forma e repeti-la para que
se torne algo tão natural como o ato de caminhar.
A partir dai, conseguimos realizar a técnica, ou forma, com variações de
tempo, distância e até mesmo com membros direitos ou esquerdos à frente. A
partir deste ponto não interessa mais as variáveis que se aplicam a quem está
treinando, a forma está enraizada e costumo dizer que a técnica possui vida,
não é mais apenas uma movimentação por si só, a técnica possui sentimento.
Porém, acredito que exista um nível acima desta perfeição, que consiste
na destruição desta técnica. Esta destruição se caracteriza por movimentar-se
ou encaixar a técnica com o mínimo possível de movimentação que a caracteriza,
partindo de qualquer forma, de qualquer distância, do princípio de vacuidade,
do vazio, do nada.
Isso se torna algo complexo, pois o próprio fato de se aplicar algo
pensado já prediz uma forma e a ideia é justamente o contrário.
Seguindo este pensamento, a destruição da forma reside em não se pensar
e aplicar algo, dentro de um ambiente controlado, mas que possibilita o
surgimento de algo verdadeiro, algo enraizado que simplesmente cria vida
própria, que existe.
No livro Essence of Ninjutsu: The Nine Traditions de Dr.
Masaaki Hatsumi, o mesmo afirma que:
"The eight forms are the core of taijutsu, through which we can find a way to enjoy the art itself, health, peace, and happiness. And when you finally reach the core of the art, you will know what a performance in emptiness could really mean"1.
Portanto, saber movimentar é necessário, superar barreiras físicas de
velocidade e também se tornar consciente da forma é essencial, contudo, o vazio
e a quebra da forma, acredito que sejam o entendimento.
1 Tradução livre: "As oito formas
são o cerne do taijutsu, através do qual podemos encontrar uma forma de
apreciar a própria arte, saúde, paz e felicidade. E, quando finalmente é
alcançado este cerne da arte, você saberá o real significado da atuação dentro
da vacuidade".
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